Tipo: BUCOMAXILOFACIAL
RESPONSÁVEL TÉCNICO: Dr. Adriano do Valle Fernandes

INTRODUÇÃO
A reabilitação estético-funcional representa tema de grande importância, tanto em traumatologia buco-maxilo-facial quanto em cirurgia de cabeça e pescoço, visto que em ambas especialidades a perda de substância óssea é fator relevante.
Em ambos os casos o objetivo terapêutico principal é reconquistar desempenho funcional e aparência socialmente aceitáveis, devolvendo ao indivíduo sua dignidade e auto-estima.
Na presença de defeitos ósseos pós-traumáticos ou produzidos por mutilações cirúrgicas, o cirurgião pode lançar mão de ampla variedade de técnicas de reconstrução. Modernamente, opta-se pela utilização de enxertos autógenos ou implantes aloplásticos. Cada uma das modalidades apresenta suas peculiaridades, vantagens e desvantagens. (1)
Dentre os inúmeros materiais aloplásticos utilizados atualmente, a hidroxiapatita vem ocupando lugar de destaque entre as pesquisas
científicas, nas suas mais diversas formas.
Apresentaremos aqui 2 ( dois) casos clínicos tratados no Hospital Maria Amélia Lins da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais,
utilizando a HAP-91 e um caso no Hospital Publico Regional de Betim , usando COL.HAP-91, colágeno associado à HAP-91, com resultados extremamente satisfatórios.

A HAP-91®
Utilizamos esta hidroxiapatita sintética, na sua forma granular, disponibilizada em nosso serviço pela A.M.G.S., na época fornecedor da FHEMIG. Utilizando material informativo produzido em 1999, a partir de teses de Doutorado e de Mestrado orientadas pelas doutoras Cleuza M.F. Rezende e Sheyla M.C. Máximo Bicalho, pudemos observar que tal material, em diversos estudos científicos apresentou excelente biocompatibilidade. Além disso, trata-se de material osteoindutor e ainda, reabsorvível.
Segundo Andrade A. L. et. al. , exames radiográficos sequenciais não evidenciaram em nenhum dos casos estudados, linha radiolúcida característica de tecido fibroso entre a hidroxiapatita e o tecido ósseo, o que sugere união entre HAP-91 e o osso realizada por crescimento ósseo direto.

2A: PRIMEIRO CASO CLÍNICO
Paciente C.S.V., do sexo masculino, 24 anos, leucoderma, vítima de acidente desportivo com trauma por chute na região frontal,
atendido inicialmente no ambulatório do Hospital Maria Amélia Lins da FHEMIG em 09/03/99. Suas principais queixas eram, naquele momento, perda de acuidade visual do olho esquerdo e defeito estético traduzido por afundamento na região supra-orbitária
esquerda(Fig 1)

No exame inicial o paciente apresentou-se deambulando, verbalizando bem, orientado, corado e hidratado. Além do referido afundamento na região frontal, mostrava ainda equimose periorbitária bilateral e ptose palpebral esquerda. Os testes não evidenciaram oftalmoplegia. O paciente negava presença de diplopia. O diagnóstico foi fratura de tábua externa de osso frontal na região medial do arco supra-orbitário esquerdo. Tomografias computadorizadas comprovaram tratar-se de lesão restrita à tabua externa do seio frontal, portanto sem comunicação com a cavidade craniana. Após extensa discussão do caso em reuniões clínicas, onde aventou-se a possibilidade de correção do contorno ósseo da região com enxertos ósseos ou de gordura, optou-se pelo implante de material aloplástico, no caso a hidroxiapatita HAP-91, disponível para uso no serviço, e cuja inserção se faria por técnica cirúrgica extremamente conservadora.

Em 26/11/99 o referido paciente foi admitido no bloco cirúrgico do HMAL/FHEMIG onde submeteu-se à delineação do defeito ósseo
com caneta de marcação sobre a pele(Fig 2). O ato cirúrgico consistiu em incisão de cerca de 0,5cm na região de canto superior e
medial da órbita esquerda, logo abaixo do supercílio(Fig 3), e posterior descolamento subperiósteo por toda a extensão delineada
do defeito(Fig 4), seguido da implantação de aproximadamente 30g de hidroxiapatita granular HAP-91(Fig 5) e sutura por dois pontos
interrompidos com nylon 5-0 (Figuras 6a,6b), que foram removidos 1 semana depois no primeiro controle ambulatoria ( Figura 7).

Nesta época o paciente se queixava de dor local de baixa intensidade, apresentando ainda equimose periorbitária à esquerda.
O contorno facial estava restabelecido e o paciente extremamente satisfeito com a cirurgia.
Cerca de 7 meses após a cirurgia solicitou-se tomografia computadorizada de controle, a qual não revelou qualquer complicação, e sugeriu algum grau de neoformação local.
Controle de 1 ano pós-operatório indicava ótima evolução do caso, com o contorno frontal preservado e excelente grau de satisfação do paciente. Não havia até então sinais clínicos ou radiográficos de complicações, que foi confirmado no controle de 2 anos pós-operatório, tendo o paciene recebido alta.

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